sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Literatura - Arcadismo

O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, razão por que também é denominada como Setecentismo ou neoclassicismo.
O nome "Arcadismo" é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética.


A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz respeito. Por essa razão muitos poetas do Arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos.
Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.
Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e do clero praticados no Antigo Regime.


O Arcadismo constitui-se em uma forma de literatura mais simples, opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela frase "Inutilia truncat" (cortar o inútil). Os temas também são simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento, a solidão.


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Tiradentes - Joaquim José da Silva Xavier (1748-1792): herói brasileiro do movimento insurgente precursor da independência do Brasil, único mártir da Inconfidência Mineira, e líder da luta contra o regime: monarquia e domínio colonial português. Uma celebridade política em uma missão poética.


Não se tratava apenas de proclamar a independência, ardor muito presente nas colônias povoadas de contos de heroísmo da revolução americana e da cruzada bolivariana. A luta era por uma pátria republicana livre, igualitária, e fraterna. Os inconfidentes acreditavam na doutrina da liberdade civil, intelectual e religiosa para construir uma pátria justa. Queriam o país e os indivíduos livres. Eram abolicionistas completos. Pura poesia.
Tiradentes nasceu na fazenda do Pombal, em Minas Gerais, uma região que até hoje é alvo de disputa entre os municípios de São João Del-Rei, Ritápolis e Tiradentes. A luta continua por lá, mas é por território, não ideais. Nenhuma poesia. Poema algum.
Ele e seus companheiros desejavam construir uma república livre das restrições à mineração e ao sistema monetário do círculo do diamante. Pensavam também criar uma universidade e por em marcha os serviços sociais essenciais: saúde e educação, a métrica da democracia.
A República dos inconfidentes seria governada por uma assembléia e um governo encabeçado por um presidente eleito anualmente (o primeiro governaria por três anos). Entre os inconfidentes havia três poetas: Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto, e Tomás Antonio Gonzaga; este último seria o presidente da nova república, a República de Vila Rica.


Cláudio Manuel da Costa morreu em Minas Gerais - suicídio ou assassinato? Responda lá, história -. É o autor do poema Vila Rica. Aqui vai um verso do primeiro canto:


(...)
Três índias são, que do Pori robusto
Em resto escapam; todo o corpo adusto
Mostra que o Sol sobre a nudez queimara,
E que a ingênita cor de branca e clara
Tornou um pouco escura; a longa idade
A todas três enruga a mocidade;
Curvos os ombros, poucas cãs, os braços
Murchos e descarnados, mal os passos
Regem tremendo; breve arrimo fazem
De tintos paus, que apenas nas mãos trazem.
(...)


O carioca Inácio de Alvarenga Peixoto morreu em um presídio de Angola, na África. Dele, trago uma quadra do soneto “Eu Não Lastimo o Próximo Perigo”:


(...)
Eu não lastimo o próximo perigo
Uma escura prisão, estreita e forte,
Lastimo os caros filhos, a consorte,
A perda irreparável de um amigo.
(...)


No dia 21 de abril o país homenageou oficialmente o sacrifício de Tiradentes e o sonho dos inconfidentes. Relembrou quando a independência era uma promessa de liberdade, igualdade e fraternidade. Quando a República era poesia. “Nunca na história deste país” os poetas estiveram tão próximos do poder, quanto na última metade do século XVIII.

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